COZINHA PEDAGÓGICA

Por Anne Jardim Botelho

A experimentação é uma boa forma de aprendizado para crianças por estimular a curiosidade, a criatividade e o raciocínio. No campo da Nutrição Infantil, essa prática é bastante utilizada com o objetivo de incentivar a curiosidade e auxiliar no processo de aceitação de novos alimentos ou de alimentos conhecidos, porém, não aceitos pela criança.

Muitas escolas utilizam essa prática como parte da disciplina de Educação Nutricional, ou mesmo, como parte de outras disciplinas como Ciências, Matemática, etc., cada uma com seu planejamento e objetivos curriculares específicos, mas que, de um jeito ou de outro, também contribui para o despertar do interesse da criança pelo alimento.

Em casa, a cozinha pedagógica (ou aula de culinária) também pode ser utilizada com os familiares e a criança, contribuindo para aproximá-la da rotina familiar e consequente aceitação de novos alimentos e de preparações culinárias. Ao longo do tempo, crianças que recusam novos alimentos (Neofobia Alimentar) podem começar a aceitá-los com a prática da cozinha pedagógica. Isso se dá porque, para que a aceitação de um alimento ocorra, precisamos, primeiro, tornar o alimento familiar para a criança, rompendo a barreira do desconhecido .

Alguns cuidados devem ser tomados quanto à segurança da criança:

- Não use facas afiadas. Prefira facas de mesa.

- Não a deixe manusear líquidos quentes.

- Se a receita precisar ser levada ao fogo, essa etapa deve ser executada por um adulto.

- Se for necessário utilizar forno, atente ao fato de o calor do forno poder ir de encontro ao rosto da criança, devido a sua altura. Explique, também, para a criança que a porta do forno pode ficar muito quente, podendo causar queimaduras.

Tomados os devidos cuidados, abuse da criatividade nas receitas e explore assuntos e temas diversos durante as etapas do preparo do alimento. Não espere, porém, que o prato saia a maior delícia do mundo, pois as crianças estão em aprendizado, que é nosso objetivo principal. Aliás, muitas experimentam e dizem que adoram o alimento preparado, apenas pelo fato de terem participado do processo.

“A primeira experiência exigente é a experiência que ‘falha’. “ Gaston Bachelard

Mesmo se toda a receita desandar, use o resultado para discutir com a criança o que poderia ser feito na próxima vez para que a receita dê certo. Assim, despertaremos o interesse e a curiosidade dela pela experiência.