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Dieta do Bebê - Desmistificando a transição alimentar em crianças com alergias alimentares

  • Foto do escritor: annejbotelho
    annejbotelho
  • 27 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de mar. de 2019

Publicado na Revista SUPERINFÂNCIA, edição de maio, 2018

Por Anne Jardim Botelho .

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A descoberta dos novos sabores estimula um novo mundo para o bebê e para os pais. Do nascimento aos 6 meses de idade, a criança supre suas necessidades nutricionais com apenas um tipo de alimento, idealmente o leite materno. Na impossibilidade de manter a amamentação, é recomendado o uso de uma fórmula infantil adequada para a idade. A partir de 6 meses de idade, a criança passa a ter necessidades nutricionais que não mais poderão ser supridas unicamente pelo leite materno (ou fórmula), havendo, portanto, a necessidade de introduzir novos alimentos, período conhecido como ‘transição alimentar’. Essa é uma fase importante de aprendizagem para a criança, caracterizada por mudanças na consistência da dieta e na variedade de sabores e aromas. Para os pais, que frequentemente idealizam esse momento, é uma fase de muitas expectativas, embora nem sempre atingidas na prática, o que traz ansiedade e inúmeros questionamentos, principalmente se a criança for alérgica a algum alimento.

Nos últimos cinco anos foi crescente o número de estudos sobre a transição alimentar em se tratando de alergia alimentar e, até o momento, as evidências sugerem que, nesse caso específico, a transição alimentar deve ser realizada conforme os guias de orientação para a população em geral, que recomenda o seu início aos seis meses de vida. A introdução dos alimentos após esse período gera um atraso na transição alimentar que, antes considerada uma forma de proteger, na atualidade parece representar um risco para alergias futuras. Mesmo os alimentos mais alergênicos (ovo, amendoim, castanhas, soja, trigo e peixes) devem ser ofertados a partir dos 6 meses de idade, como recomendado por guias nacionais.



Papinha completa e saudável

No início da transição alimentar, devemos oferecer à criança duas porções de fruta e uma papinha completa por dia. Uma papa completa contém uma porção de alimento rico em carboidrato (arroz, batata, macaxeira, inhame, etc.) e uma porção de alimento do grupo das leguminosas (feijões, grão de bico, ervilha ou lentilha), das proteínas (carne de boi, frango, peixe, etc., ou ovos) e das hortaliças (tomate, brócolis, vagem, beterraba, etc.). A partir dos 7 meses de idade, devemos incluir a segunda papa (normalmente no jantar). A papa deve ser bem cozida e amassada com garfo. Nunca liquidificada. Também é contraindicado o uso de peneira. O motivo é proporcionar à criança uma alimentação com textura espessa e não uniforme para melhor desenvolvimento da musculatura orofacial e para evitar deficiências nutricionais.



Variedade alimentar do bebê

Guias atuais para a população em geral orientam escolher um alimento novo de cada grupo alimentar, a cada dia, para compor a papa. Em outras palavras, não precisamos ficar três ou mais dias oferecendo o mesmo alimento para só depois escolhermos outro. Isso permite atingirmos mais rapidamente uma alimentação variada, reduzindo a monotonia e o risco de seletividade alimentar. E para a criança alérgica? Com que frequência podemos introduzir novos alimentos? Para essa pergunta ainda não temos muitos estudos e, por isso, o ideal é seguir as orientações do alergista e do nutricionista que conduzem o tratamento. A depender do tipo de alergia e da gravidade dos sintomas, devemos progredir mais rapidamente ou mais lentamente a diversidade alimentar.


Entre no ritmo do seu bebê

É importante lembrar que a porção dos alimentos a ser oferecida para o bebê é menor que a do adulto. No início da transição alimentar, a criança raramente comerá uma maçã inteira, por exemplo, e, apesar de algumas delas conseguirem comer, essa é uma exceção, e não a regra. Não devemos ter a expectativa de que, nessa fase, uma criança coma toda a refeição oferecida. Isso só vai trazer ansiedade e frustrações que, a depender das condutas dos cuidadores, podem representar risco de desvios futuros do comportamento alimentar da criança. É sempre a criança quem determina a quantidade a ser ingerida, o tempo e o ritmo da refeição!


Essas são orientações gerais para desmistificar a transição alimentar de criança alérgica, que deve ser realizada de forma suave e tranquila, pois, aos poucos, ela vai se adaptar aos novos sabores e aceitar maiores quantidades de alimentos, progressiva e espontaneamente. Confie na sabedoria de seu filho e em seu instinto nesse momento tão importante para todos. Se, ainda assim, a ansiedade e as incertezas predominarem, procure orientação profissional.

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